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Dragão do Mar, um museu a céu aberto
Nota sobre a tentativa de remoção do painel "Exu te ama"
19/10/23 às 17h25

Painel "Exu te ama", mural que integra a exposição "Festa, Baia, Gira, Cura", de Jean dos Anjos. Foto: Júlia Moita



     Historicamente, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) já realizou inúmeras ações cujas propostas artísticas extrapolaram os espaços das salas expositivas, com performances e intervenções audiovisuais nos paredões, na passarela, nas rampas de acesso, na Praça Verde, no hall do Cinema do Dragão, do Teatro Dragão do Mar e na própria fachada. Essas intervenções visam despertar a curiosidade das pessoas que passam pelo local, abrindo possibilidades de interação e reflexão, sendo esta também uma forma de reforçar causas ou divulgar exposições a estas ações relacionadas. 

     Em 2012, por exemplo, o Museu da Cultura Cearense abriu "O Sagrado Coração do Ceará", exposição com curadoria dos pesquisadores Gilmar de Carvalho e Dodora Guimarães, que apresentou mais de 200 tesouros da cultura religiosa do Ceará, também com obras expostas fora das salas dos Museus, e, mais recentemente, a exposição "Retrato de Mestre" também apresentou imagens de santos e reproduziu cenários de romarias, sem que surgissem manifestações de repúdio ou questionamento. 

     Deste modo, o complexo cultural lamenta a tentativa de remoção do painel "Exu te ama", que integra a exposição "Festa, Baia, Gira, Cura", do antropólogo e fotógrafo Jean dos Anjos, com curadoria de Marília Oliveira e Rafael Escócio, em cartaz no Museu da Cultura Cearense, mediante a apresentação de requerimento à Assembleia Legislativa do Ceará, por parte de uma parlamentar cearense. Os argumentos utilizados para a crítica são infundados, à medida que se baseiam em uma compreensão superficial sobre a atuação de espaços museológicos e no desconhecimento da memória do centro cultural, além de denotar um preconceito velado e a intolerância com práticas culturais dissidentes. O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura vem lembrar que, conforme a Lei 14.532, de 2023, o racismo religioso é crime.

     No CDMAC, a arte é um lugar de mediação que rompe a fronteira do concreto. Museus e territórios são conectados e as ações são pensadas para além das suas fronteiras espaciais, onde o limite dos muros se dilui a fim de promover uma construção participativa e coletiva com as comunidades.

     Como sugere Carlos Rendon Espinosa, diretor do projeto Museu e Territórios do Museu de Antioquia, mestre em Artes Plásticas e licenciado em Educação pela Universidade de Antioquia, um museu deve ter mentalidade aberta, com humildade intelectual para abraçar todas as expressões, e defender a liberdade de pensamento para romper padrões, imaginários e paradigmas. 

     Compactuando com este pensamento, o complexo cultural atua para que a arte transborde, que mais espaços sejam ocupados, que o público tenha cada vez mais acesso à arte, cultura e consciência crítica, seja dentro ou fora dos seus espaços, com oportunidade para todas as pessoas e culturas. O CDMAC é democracia e liberdade.

     O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura reforça o convite ao público em geral para a visita à "Festa, Baia, Gira, Cura", e a outras exposições em cartaz no Museu da Cultura Cearense e no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, abertos gratuitamente de quarta a sexta das 9h às 18h e aos sábados, domingos e feriados das 13h às 18h, sempre com último acesso às 17h30.

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