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Museu de Arte Contemporânea do Ceará se despede da itinerância da 35ª Bienal de São Paulo neste final de semana
Mostra segue com visitações gratuitas até domingo (1º).
28/11/24 às 14h41

Foto: Ana Raquel.  

 

     Em cartaz desde o dia 10 de setembro, no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), a itinerância da 35ª Bienal de São Paulo, intitulada coreografias do impossível, será encerrada neste domingo (1º). Com recursos de acessibilidade sensorial, a mostra segue com visitas gratuitas das  9h às 18h nos dias da semana e das 13h às 18h no final de semana, sempre com último acesso às 17h30.

     A partir de fotografias, instalações, vídeos, esculturas, desenhos, bordados e outras expressões artísticas, a exposição com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel reúne trabalhos como a Cozinha Ocupação 9 de Julho - MSTC e os artistas Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Gabriel Gentil Tukano, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, MAHKU (Movimento dos Artistas Huni-Kuin), Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nontsikelelo Mutiti, Nikau Hindin, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich.

     Gestora do MAC-CE, Cecília Bedê celebra o sucesso da Mostra, prestigiada por mais de 8000 visitantes até o momento, e o privilégio que o Museu teve de receber esse conjunto potente de obras de artistas de diferentes nacionalidades que instigam o espectador a atentar para problemáticas sociais, ambientais e culturais da contemporaneidade. 

 

Sobre o acervo

 

    Entre os destaques, a curadoria traz para Fortaleza o coletivo Cozinha Ocupação 9 de Julho, do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), que apresenta a rede multidisciplinar que atua desde 2017 com políticas de redistribuição, lixo zero e uma grande preocupação com segurança alimentar, dando visibilidade à luta por moradia em São Paulo.

     O colorido das peças vívidas do coletivo MAHKU não passa despercebido por quem visita o Museu. Integrado pelos artistas Ibã Hunikuin, Kassia Borges Karaja, Acelino Hunikuin, Bane Hunikuin, Mana Hunikuin, Itamar Rios, Yaka Hunikuin e Cleudo Hunikuin, o coletivo apresenta pinturas que trazem traduções visuais dos cantos sagrados Huni Meka, reverberando o ativismo cultural e a preservação das terras dos povos originários. 

     Os trabalhos de dois amazonenses também integram a coletiva. Gabriel Gentil Tukano, falecido em 2006, que perpetuam a cosmogonia Tukano e a sacralidade do território ancestral, e Denilson Baniwa, que no conjunto de trabalhos Kaá, Itá e Tatá, faz referência às práticas ancestrais dos povos Baniwa face aos ataques mitológicos e estruturais enfrentados por sua comunidade. 

     Uma forte presença feminina marca a coletiva. A coreógrafa Katherine Dunham, por exemplo, pioneira da dança moderna, tem apresentados seus registros em vídeo sobre ritmos e gestualidades na região do Caribe, entre 1940 e 1960. Em Shakedown (2018), Leilah Weinraub documenta a vida e a cultura de um clube de strip-tease lésbico em Los Angeles, que resulta num filme-experiência íntimo, ousado e celebrativo da lesbiandade afro-americana. Também pode ser visto Meditation on Violence [Meditação sobre a violência] (1948), de Maya Deren, um dos grandes nomes do cinema experimental, que explora a dança e a temporalidade.

    Já Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, no filme Conspiracy [Conspiração], reforça as redes de solidariedade produzidas secularmente como espaços de insurgência das mulheres negras e feministas nas diásporas africanas, suas múltiplas configurações, estratégias e chaves coletivas.

     Oportunidade ímpar para conferir Vidas proibidas, fotografias de Rosa Gauditano que ganham nesta 35ª Bienal a sua primeira exposição. A série traz registros de comunidades lésbicas em São Paulo na década de 1970, ainda no período da ditadura militar, que, com a luta pela liberdade sexual, resistência e o orgulho, fez frente aos anos de repressão.

     Também merecem atenção as obras da jamaicana Deborah Anzinger, cujo trabalho transita entre a linguagem e a materialidade, explorando binários que se opõem e se constituem mutuamente. 

    Responsável pela concepção da identidade visual da 35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível, a artista visual e educadora Nontsikelelo Mutiti propõe um mergulho nos significados das tranças e dos cabelos como um dos elementos da diáspora africana que carregam não só sentidos políticos e estéticos, mas subjetivos, que dizem muito sobre o cotidiano, as experiências e da história das pessoas negras na diáspora. 

     No Álbum de paisajes, tipos humanos y costumbres de Bolivia [Álbum de paisagens, tipos humanos e costumes da Bolívia], produzido nos primórdios da República da Bolívia, são apresentadas as aquarelas pintadas por Melchor Maria Mercado durante suas viagens pelo território boliviano, agora exibidas fora do seu país natal.

     Os diferentes formatos dos trabalhos da dupla Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed constituem um espaço expandido das artes e das tradições orais das comunidades Amazigh do norte da África, remetendo a uma praça central, lugar de encontro e relação. 

     No projeto Maramataka: The Stellar Lunar Calendar. De-colonising Time [Maramataka: O calendário estelar lunar. Decolonizando o tempo], de Nikau Hindin, junto a um grande aute (tecido obtido a partir de um longo processamento da casca da amoreira) suspenso, há um conjunto de cartas celestes que descrevem em trezes meses lunares o ano maori em curso. Se antes esses mapas serviram para orientar os sistemas de navegação e colheita, hoje eles ressurgem como contraponto à noção ocidental, linear e progressiva do tempo. 

 

  

Sobre a 35ª Bienal de São Paulo


      A itinerância em Fortaleza da 35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível  é fruto de parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura, e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, por meio do Museu de Arte Contemporânea do Ceará, gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). É apresentada pelo Ministério da Cultura, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, e o Itaú, e tem assinatura da J.Macêdo. 

 

 

Sobre a Fundação Bienal de São Paulo

 

     Fundada em 1962, a Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição privada sem fins lucrativos e vinculações político-partidárias ou religiosas, cujas ações visam democratizar o acesso à cultura e estimular o interesse pela criação artística. A Fundação realiza a cada dois anos a Bienal de São Paulo, a maior exposição do hemisfério Sul, e suas mostras itinerantes por diversas cidades do Brasil e do exterior. A instituição é também guardiã de dois patrimônios artísticos e culturais da América Latina: um arquivo histórico de arte moderna e contemporânea referência na América Latina (Arquivo Histórico Wanda Svevo), e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, sede da Fundação, projetado por Oscar Niemeyer e tombado pelo Patrimônio Histórico. Também é responsabilidade da Fundação Bienal de São Paulo a tarefa de idealizar e produzir as representações brasileiras nas Bienais de Veneza de arte e arquitetura, prerrogativa que lhe foi conferida há décadas pelo Governo Federal em reconhecimento à excelência de suas contribuições à cultura do Brasil.

 

 

Sobre o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
 

     O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é um centro cultural da Rede Pública de Equipamentos da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM).


 

Serviço: Encerramento da itinerância da 35ª Bienal de São Paulo - coreografias do impossível - em Fortaleza
Data: 1º de dezembro (domingo)
Horário: 13h às 18h
Local: Museu de Arte Contemporânea do Ceará, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (pela Entrada dos Museus, na Av. Presidente Castelo Branco S/N, esquina com a Rua Almirante Jaceguai, ao lado de Bece).
Acesso gratuito, com visitação durante a semana das 9h às 18h e no final de semana das 13h às 18h, sempre com último acesso às 17h30.
Acessibilidade: audioguia, Libras, leituras em áudio, impressões em fonte ampliada, Braille, mapa tátil, leitura fácil, handtalk e interação tátil.

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